segunda-feira, 19 de julho de 2010

Paraibuna - Lagoinha

Partindo de Paraibuna

Como em julho o sol nasce por volta das 7:00, combinamos de sair neste horário de Paraibuna. Com uns 30 minutos de atraso, partimos em direção à Redenção da Serra, pela estrada* municipal para o Bairro Itapeva. Apesar da denominação ser "estrada", esta é uma via pavimentada (asfaltada).

O sol não apareceu para nos receber. O tempo estava bem nebuloso e frio. Pelo menos tivemos algumas subidas para esquentar um pouco.

Erro providencial

Depois de uns 8 km o asfalto deu lugar à terra. A estrada estava bem conservada neste ponto, bem seca e batida. Algumas subidas depois - como tudo que sobe tem que descer - desfrutamos de uma boa descida. Durante a descida eu me preocupei com as curvas e com o trânsito e não percebi que em um certo momento começamos a nos afastar do percurso pretendido (programado no GPS). Quando consegui alcançar meu primo, que estava na frente, ele já estava parado em um bar. Encontrar este bar foi essencial pois as caramanholas estavam com o nível baixo. Terminamos de esvaziá-las e compramos mais água. Isto que eu chamo de um "erro providencial". O funcionário do bar confirmou que a entrada para a estrada para Redenção da Serra era um pouco atrás. Voltamos e retomamos nosso caminho.

Contornando a represa

Começamos a contornar a represa. O sol já não se escondia mais atrás da neblina e consegui fazer algumas fotos.


Em uma parte do caminho haviam várias casas de madeira construídas sobre barris de metal que flutuavam às margens da represa. As plataformas que levavam às casas também eram flutuantes, acompanhando o nível da represa.

Arquivo próprio

Redenção da Serra já aparecia na tela do GPS mas a estrada seguia em direção contrária e começamos a nos afastar do percurso que havia programado. Já podíamos ver do outro lado da represa uma via pavimentada e tínhamos a esperança de passar para o outro lado, mas como? Em vários momentos do caminho passaram caminhões de areia por nós, indo e voltando. Meu primo viu novamente um desses caminhões na via pavimentada. Ele concluiu que o caminhão passaria por nós e então comprovaria a ligação entre a estrada do nosso lado da represa com a via pavimentada do outro lado. Realmente, um tempo depois, o caminhão passou por nós. Então continuamos naquele caminho com mais tranquilidade. Na imagem do Google Earth abaixo há apenas um filete de água entre a estrada e a via pavimentada, por ser uma imagem antiga. Hoje em dia tem muito mais água por lá.

Imagem do Google Earth (clique na imagem para ampliar)

Alemanha x Argentina

Chegamos em Redenção da Serra às 11:00 e enquanto subíamos até o restaurante, já podíamos ouvir um hino tocando. Chegamos a tempo de assistir o jogo entre Argentina e Alemanha.

Enquanto almoçávamos, estava todo mundo do restaurante torcendo para a Alemanha. Eu já torcia para o jogo sempre empatar, para ver mais emoção. Era incrível mas a cada gol da Alemanha as pessoas comemoravam como se tivesse sido um gol do Brasil. Depois do terceiro gol da Alemanha consideramos a Argentina derrotada, pegamos nossas bicicletas e continuamos nosso caminho até São Luis do Paraitinga.

Lei seca abrange condutor de carroça?

Saindo de Redenção encontramos dois indivíduos numa carroça com o tanque cheio. Não, não era a carroça que estava com o tanque cheio e sim os dois indivíduos. Manguaça total. Eles nem sabiam para onde estavam indo e quem guiava a carroça era o cavalo.

Batedores!

Mais alguns quilômetros e voltamos para a terra. Passamos por uma fazenda e duas mulas se assustaram conosco. Usando capacete e óculos, acho que fomos confundidos com extra-terrestres. Elas começaram a correr na nossa frente. Como a estrada era estreita, elas não tinham para onde fugir e ficaram nos acompanhando (na frente) por um bom tempo. Nós devíamos ter aproveitado para colocar as mochilas no lombo delas.

Mais subidas

Começamos a subir, subir e subir. A parada para o almoço matou a fome e a vontade dos músculos de trabalharem. As pernas esfriaram e queriam ficar por ali mesmo. Eu já tinha reservado a pousada em São Luis, então não iríamos desistir. Empurramos bastante as bicicletas mas continuamos em frente.

Banho de água fria

É claro que, depois de tanto subir haveria uma descida. Acho que foi o downhill mais acidentado que já fiz. Muita pedra e buraco. Judiamos bastante das coitadas bicicletas. No final da descida havia uma vila. Na estrada tinha um caminhão pipa molhando o chão para diminuir a poeira. Como estava no embalo da descida, nem dei atenção para o caminhão. Passei a mil por hora. Como o caminhão também jogava água para os lados eu tomei um belo banho. Comecei a trincar na hora, pois a água estava muito gelada.

A pousada

Enfim, chegamos à pousada Araucária, em São Luiz do Paraitinga. O quarto tinha uma cama de casal e uma de solteiro. A roupa de cama estava bem limpa e relativamente nova. O banheiro era maior que a cozinha da minha casa mas o box com cortina de plástico não era grande. O chuveiro não esquentava tanto. A TV pegava mal. Na área comum tinha uma mesa de bilhar, uma TV LCD grande, alguns sofás, wifi grátis, piscina (nem cheguei perto) e um espaço para refeições. Para mais dados sobre a pousada, veja os pontos de interesse (waypoints) disponibilizados no wikiloc (link no final do texto)

Kawabonga!

Após um banho e uma soneca, fomos ao centro da cidade para procurar uma pizzaria. Seguindo as informações fornecidas pelos locais, chegamos ao Restaurante Pizzaria Cantinho dos Amigos. A pizza custou uns R$26 e estava maravilhosa. Agora não sei se era porque estávamos famintos ou se era porque a pizza era boa mesmo. O atendimento também foi exemplar.

Café da manhã

De volta à pousada fomos dormir cedo. A funcionária que nos atendeu disse que o café da manhã seria servido a partir das 7:30 (valor incluso na diária, que era de R$50 por pessoa) então programamos o despertador para às 7:15. Não achava a chave da tranca que levei. Ela estava no bolso da minha camisa, que havia esquecido aberto. Provavelmente a chave caiu no caminho. O jeito foi colocar as bicicletas dentro do quarto. Tinha espaço suficiente para as duas.

Amanheceu, antes mesmo do despertador tocar nós acordamos com a algazarra das maritacas. Quando chegamos na mesa do café da manhã, já havia um Sabiá Laranjeira atacando o queijo minas. O pão francês estava uma delícia. Além do pão tinha leite, café e banana. Após o desjejum, pagamos a diária de R$50 por pessoa e seguimos rumo à Lagoinha.

Chega de terra

O destino original era Cunha, por terra, mas não acordamos dispostos a tal, então decidimos ir até Lagoinha por asfalto. No começo a rodovia tinha um tráfego médio mas logo os carros foram desaparecendo. Nos primeiros 14 km a viagem foi tranquila mas depois disso começaram as subidas. Na última subida, quando a inclinação era de 13,4%, meu primo perguntou quem seria o primeiro a desistir e desmontaria da bicicleta. Foi praticamente um desafio e ficou evidente que nenhum dos dois desistiria.

Chegamos

Meu primo combinou com nosso apoio de nos encontrarmos na praça da igreja. Se ele nunca esteve em Lagoinha, como ele sabia onde ficava a praça da igreja? Ele me respondeu: "Toda cidade tem uma praça com uma igreja na frente, basta perguntarmos onde ela fica". Dito e feito. Comemos um salgado na padaria, que também fica na praça, e fomos embora.

Percurso

Distância percorrida: 91,42 km
Subida acumulada: 1.617 m
Descida acumulada: 1.331 m

Trajeto no wikiloc e no GPSies

O que gostaria de repetir desta viagem:
- Comer uma pizza no Cantinho dos Amigos
- Ver a Argentina perder (nada contra os argentinos, pois fui muito bem recepcionado quando estive em Buenos Aires, mas no futebol ...)

Notas:
* Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, estradas são vias não pavimentadas e rodovias são vias pavimentadas.

2 comentários:

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